domingo, 25 de março de 2012

Comboio para Budapeste - Dacia Maraini


"A minha mãe está a dar mostras de uma coragem que eu não esperava. ao passo que o meu pai parece desesperado. Não consegue perdoar-se por não ter ficado em Rifredi. Passa metade do tempo na cama. O tio Eduard foi deportado no mesmo comboio que nós e não sabíamos. Anda pelo gueto a apanhar beatas. Mas diz que se encontram muito poucas agora. Não há dinheiro para cigarros. O que mais me contraria é ter perdido os livros. Tinha mais de cem. A maior parte deles ficou na casa da Schulerstrasse em Viena. Não consegui trazer comigo mais de três ou quatro que enfiei na mala no último momento. Quase ao acaso. Agora leio-os e releio-os: Dickens, Grandes Esperanças, Pinóquio e Os Sofrimentos do Jovem Werther." (pág. 60)

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