domingo, 14 de outubro de 2012

Verão sem homens - Siri Hustvedt - alguns excertos


"Despidos de intimidade e vistos de uma distância considerável, todos nós somos personagens cómicas, bufões ridículos que andamos aos tropeções pela vida, fazendo disparates atrás de disparates à medida que avançamos, mas quando nos aproximamos, o ridículo depressa se funde no sórdido ou no trágico ou no meramente triste. Não importa se estamos enterrados num cu de Judas como Bonden ou a passear pelos Champs-Élysées." (pág. 89)

"O tempo é uma questão de percentagens e de crença. Para quem a meio da vida tinha seis ou sete anos, o tempo que esses seis ou sete anos demoram a passar parece maior do que meio século para um centenário, porque os jovens sentem o futuro como interminável e normalmente vêem os adultos como membros de outra espécie. Só os idosos têm acesso à brevidade da vida." (pág. 111)

"De repente, tive pena de todos nós, seres humanos, como se tivesse sido subitamente transportada para o céu e, como um omnisciente narrador num romance do século XIX, contemplasse lá de cima o espetáculo da humanidade imperfeita a desejar que as coisas fossem diferentes, não completamente diferentes, apenas o suficiente para nos poupar apenas um pouco de dor aqui e ali." (pág. 153)

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